terça-feira, 18 de setembro de 2007

Aula Privacidade e ética na Web 18/9

1) A aula de hoje é extremamente polêmica. Como vocês vão ver, isto tanto quer dizer uma coisa boa, como outra não tão boa. Quer dizer que vocês vão se envolver em discussões, que provavelmente tornarão a aula bastante animada.

Mas em compensação vocês vão divergir, provavelmente surgirão desentendimentos, decepções e até irritação. Mas quando a gente fala de privacidade e ética, isto é normal, principalmente quando se fala de privacidade na internet.

2) A ética da internet é diferente da ética convencional?
Não, é a mesma. Os valores são os mesmos. Pode ser que mude no futuro, mas por enquanto são os mesmos. Temos os valores que relacionados a existência física e cultural, temos valores associados a praticas sociais e econômicas.

Os primeiros continuam a vigorar na realidade virtual como a justiça, igualdade racial, religiosa, cultural, sexual, liberdade de movimentos, de crença, de opção sexual, etc etc. Os que estão mudando são valores como privacidade, autoria e sigilo.

3) O que é diferente então?
A avalancha informativa e a globalização aumentaram a facilidade de distribuição de informações através do planeta. As pessoas hoje tem liberdade e meios para distribuir rapidamente por correio eletrônico, blog ou lista de discussão as mais diferentes idéias, boas ou más, éticas ou antiéticas.

A internet criou a maior vitrine de opiniões de toda a história da humanidade. Mas é claro existem tantas opiniões consideradas positivas quanto as negativas. Dependendo do lado da vitrine que você olha, você vai ver mais de uma do que da outra.
O filtro da TV, da rádio e dos jornais é muito maior do que a quase ausência de filtragem da web. Tudo aparece mais, os desvios, aberrações e arbitrariedades.

4) E a privacidade?
Nada é absolutamente privado na Web. Tudo é teoricamente possível de ser descoberto, porque as comunicações deixam rastros eletrônicos.
Casos do correio eletrônico – marinheiro gay norte-americano, jornalista chinês preso com ajuda o Yahoo.

No nível individual pouca coisa foi feita nos Estados Unidos em matéria de desenvolvimento de padrões éticos no que se refere à privacidade. Aqui no Brasil, nada foi feito. Ainda estamos totalmente desprotegidos. Tudo vai depender de iniciativas dos internautas e da sociedade.

No caso corporativo, a organização norte-americana Computer Professional for Social Responsibility (http://www.cpsr.org) a única garantia eficiente é o desenvolvimento de códigos de conduta ética entre patrões e empregados. Cada parte estabelece seus deveres e responsabilidades. Aqui no Brasil, varias empresas também já desenvolveram códigos de ética nas suas redes internas.

No caso jornalístico, até onde um profissional pode ir na busca de informações sobre uma determinada pessoa. Hoje, estes limites praticamente não existem na web. Você pode descobrir um email que alguém escreveu há cinco anos e publicar, causando um dano terrível a esta pessoa, porque as informações estão fora de contexto.

5) Rumores e boatos?
É o mesmo caso da privacidade individual nas investigações jornalísticas. A internet é um terreno extremamente pródigo para a proliferação de boatos e rumores, porque o boca a boca é uma ferramenta importantíssima na web.

Além disso, a vertiginosa velocidade com que as informações se transmitem no espaço cibernético facilita a difusa de boatos e dificulta os desmentidos.

6) A privacidade da informação
Vivemos hoje a sociedade da informação. O Google é o nosso novo monstro sagrado. Estamos perigosamente sujeitos às conseqüências de informações que empresas e governos tem sobre nós. Com tanta informação a nosso respeito, surge a necessidade de uma ética da informação.

Caso ChoicePoint e da LexisNexis empresas privadas de arquivamento de informações que começaram trabalhando com cadastros individuais e que hoje tem 50 mil clientes, inclusive contratos milionários com o Departamento de Defesa, Departamento de Segurança Interna e com a CIA. É difícil hoje estabelecer a fronteira entre os serviços privados e os estatais em matéria de armazenamento e processamento de informações, a chamada inteligência.

Só a ChoicePoint, tem 17 bilhões de fichas sobre indivíduos e 100 mil clientes que compram informações. Anualmente oito milhões de consultas sobre antecedentes criminais para candidatos a empregos. No ano passado foram 600 mil candidatos recusados por delitos cometidos. O problema é que os registros na Web ficam para sempre.

Em 2003, a ChoicePOint comprou os registros eleitorais de 65 milhões de mexicanos e o cadastro de 10 milhões de motoristas também mexicanos como parte de um contrato de 67 milhões de dólares assinado com o Departamento de Justiça dos EUA para vigiar cidadãos suspeitos de atividades terroristas.

Além do México, também o Brasil, Colômbia, Venezuela, Costa Rica, Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua são monitorados pela ChoicePoint.

7) Trabalho em grupos sobre privacidade na Web:

A turma é dividida em dois grupos iguais:

Grupo A – Discussão em grupo sobre o seguinte tema: As empresas tem o direito de monitorar o correio eletrônico dos funcionários para saber se eles não estão usando o serviço para fins privados? Discutir durante 15 minutos.

Grupo B – Discussão em grupo sobre quais as melhores maneiras de procurar preservar a privacidade no correio eletrônico, no Orkut e nos chats onlilne ? Discussão durante 15 minutos.

Cada grupo expõe suas conclusões e um grupo pergunta ao outro.


Textos para consulta
Em português
Invasão da Privacidade - http://home.siteinteligente.com/si/site/055013
Google e a privacidade online - http://idgnow.uol.com.br/seguranca/2007/06/11/idgnoticia.2007-06-11.1350638621/
ÉTICA NA INTERNET – Texto produzido pela Santa Sé – Vaticano http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/pccs/documents/rc_pc_pccs_doc_20020228_ethics-internet_po.html


Em inglês

Internet Ethics - http://www.rogerdarlington.co.uk/Internetethics.html
Ethics and the Internet - http://www-rohan.sdsu.edu/dept/drwswebb/lore/2_2/ornat_internet.html
Ethics Guidelines for Poynter Publishing – código de ética criado pelo Poynter Institute, uma faculdade de jornalismo muito famosa nos EUA - http://www.poynter.org/content/content_view.asp?id=58937
Painel sobre ética publicado na Online Journalism Review da fauldade de jornalismo online da Universidade do Sul da Califórnia - http://ojr.org/ojr/ethics/1092186782.php
Paper sobre ética no jornalismo online http://bradleyosborn.com/z/RESUME/academic/ethics_and_credibility_in_online_journalism.pdf
Choice Point - http://en.wikipedia.org/wiki/ChoicePoint

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